Um suporte que mistura um pouco de cada um desses elementos pode ajudar a formar leitores desde que selecionados e trabalhado com critério.
Nos momentos dedicados à leitura, tanto em sala quanto na biblioteca da Educação Infantil do Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat), no Rio de Janeiro, as crianças têm acesso a vários livros: com muito ou pouco texto, somente ilustrados, literários e informativos, entre outros. O trabalho com o material é levado a sério pelos educadores. "O contato com as estantes e a chance de escolher um entre diversos títulos e folheá-los faz parte do desenvolvimento do comportamento leitor dos pequenos", diz Elisa Creuza de Jesus, educadora da creche.
No acervo, também estão disponíveis livros-brinquedos: do tipo pop-up (com imagens em dobradura que saltam das páginas), com texturas, sons e abas que, quando abertas, revelam novidades. Embora muita gente ainda tenha dúvidas sobre esse suporte e torça o nariz para os recursos que dividem espaço com ilustrações e textos, a equipe do Ceat aposta nele. Assim como as edições tradicionais, eles também são livros - e proporcionam interações diferentes.
O bom livro-brinquedo contribui para que o leitor viva uma experiência literária sem deixar de ser uma diversão relacionada ao brincar, que também é uma forma de interagir com o mundo. E vale registrar que a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) reconhece a categoria como legítima a ponto de, desde 1997, destinar um espaço para essas publicações no Prêmio FNLIJ, concedido anualmente.
É claro que para ser considerado livro o material precisa reunir algumas características básicas e ser usado como tal. Por exemplo: as informações precisam estar dispostas em páginas de forma que o leitor possa folheá-las, observar seu conteúdo e seguir a narrativa.
Recursos devem ajudar a contar a história
Nem tudo o que está disponível no mercado é interessante e tem qualidade. Trabalhar com afinco na escolha do que fará parte do rol de leitura da turma requer analisar os títulos um a um. É sua responsabilidade escolher bons materiais, elaborados com cuidado estético e com textos bem escritos.
Além disso, é preciso avaliar se os mecanismos disponíveis ajudam a construir o enredo. Uma das características mais importantes da literatura é o mistério, a fantasia, o não dito -, o que o leitor está por descobrir. "Os artifícios do livro devem contribuir para isso. Se o texto, as imagens e outros recursos deixam tudo explícito, perde-se a graça", explica Ninfa Parreiras, mestre em Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Letra Falante, grupo de leitura e de pesquisa de literatura infantil e juvenil, em São Paulo.
Há livros-brinquedos que se aproximam mais de brinquedos devido ao formato e aos artifícios disponíveis, deixando a história em segundo plano. Isso pode parecer interessante para estimular os sentidos e entreter as crianças, mas não as aproxima da leitura.
No mais, o formato precisa ser levado em conta. "Exemplares muito grandes ou pesados demais dificultam a manipulação pela criançada", conta Ninfa. Porém, mesmo que intervenções do tipo pop-up pareçam delicadas para mãozinhas desajeitadas, os pequenos não devem ser privados de mexer nelas - para evitar páginas rasgadas, por exemplo. Um dos objetivos do trabalho com o livro-brinquedo é justamente despertar a vontade de entrar em contato com ele.
Como leitor experiente, você deve servir de modelo: mostre a forma adequada de manuseio, virando as páginas e mexendo no papel com cuidado, enquanto explica em voz alta o que está fazendo. Ainda assim, danos vão ocorrer - às vezes será possível repará-los, outras não e tudo bem. Tenha consciência de que isso faz parte do processo de aproximação da turma com o universo da leitura.
"Para que possam manusear o livro, me aproximo de cada uma das crianças e pergunto se querem tocá-lo. Depois da leitura em roda, organizo momentos para que todas tenham a oportunidade de folhear e explorar os títulos sozinhas", fala Elisa, do Ceat. Assim, os pequenos têm oportunidade de fazer descobertas com tempo e autonomia e seguem construindo sua trajetória como leitores.
Sugestões de livros-brinquedo:
A Verdadeira História de Chapeuzinho Vermelho
Agnese Baruzzi e Sandro Natalini
18 págs.
Ed. Brinque-Book
Cabeças
Matthew Van Fleet
16 págs.

O Livro de Pano do Bebê - Cachorro
Rettore
8 págs.
12 págs.
Ed. Companhia das Letrinhas
Só mais uma história
Dugald Steer e Elisabeth Moseng
14 págs.
Annelore Parot
32 págs.
Ed. Companhia das Letrinhas
Fernanda Salla (novaescola@atleitor.com.br)
http://revistaescola.abril.com.br/creche-pre-escola/livro-ou-brinquedo-690612.shtml?page=0
Nunca tinha pensado nessa dicotomia livro / brinquedo. Com certeza o lúdico deve ser levado em conta em qualquer atividade na Educação Infantil.
ResponderExcluirLindo este blog!! Tem um visual muito atraente e conteúdos úteis! As crianças adoram histórias. E se estiverem vinculadas ao lúdico, a aprendizagem é garantida! Há! Também gostei das sugestões de livros!
ResponderExcluirOs livros-brinquedo assim como os livros de banho são maravilhosos. Contribuem para a criação do vínculo com a leitura. Na escola em que trabalho utilizo livros desse tipo oferecidos pela própria escola, e as crianças adoram. Alguns desses eu não conhecia, mas achei super válida as sugestões. Parabéns pelo blog, vale a pena levar ele adiante.
ResponderExcluirEu adoro livro-brinquedo, pois você vai virando a página e encontrando uma novidade (ou um bicho salta, ou o papel é diferente - trabalhando assim o tato, ou faz som- e as crianças adoram). Eu quero comprar um para o meu sobrinho, pois quando ele viu o meu em casa, ele adorou e ficou perguntando: " Tia, em mais?" e eu só tinha dois. O da Chapeuzinho vermelho que você indicou é muito bom, li e brinquei junto com as crianças na escola.
ResponderExcluirGostei muito do post pois minhas vizinhas (Clara 5 anos e Olivia 4 anos) adoram ''ler'' (entre aspas pois não estão alfabetizadas) e pedem livros em datas comemorativas natal/ aniversário para sua mãe. De inicio achei isto raro, pois a maioria das crianças que conheço querem tablet, a Barbie X, Y etc. Ao conhecer mais da rotina e da educação que recebem de sua família percebi o quanto a leitura faz parte da rotina diária e do espaço na casa. Há prateleiras baixas espaçadas e claras para que elas guardem os livros delas e outra ao lado para os livros de seus pais. E, um outro ponto forte que as faz desejar o livro e a leitura são os livros-brinquedo que elas tem. Há alguns mais simples e outros bem coloridos que saltam ao virar as páginas, tem sons, brilho, etc. acredito que isto faz uma enorme diferença na vida destas meninas e desperta de fato o gosto pela leitura, por se ouvir uma história e por senti-la (utilizando todos os sentidos).
ResponderExcluirGostei muito do tema do blog e da temática do post. Trabalho com educação infantil e, junto com as crianças, me pego admirada e encantada com as histórias e os livros. Na escola onde trabalho os livro-brinquedo já foram inseridos na sala, e fazem o maior sucesso desde os pequenininhos até os maiores. Considero que esta seja uma estratégia muito legal para atrair a atenção das crianças que estão inseridas em um mundo muito "visual", mas sem deixar de lado a história e a imaginação, que são os pontos principais dos livros infantis.
ResponderExcluirPara quem se interessa sobre esse tema, recomendo a leitura do TCC da Lilian Oliveira (UNICAMP) sob a orientação da Profa. Dra. Ana Lúcia Guedes-Pinto intitulado: "O olhar das crianças sobre os suportes de leitura: livro é, mas é brinquedo também?", onde ela discute justamente esse tema. Segue o link:
ResponderExcluirhttp://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=000896776
Na Educação Infantil, as crianças estão mais abertas ao universo literário devido à imersão no mundo da fantasia em paralelo com a vida real, o que estimula a criatividade. É importante também que os pais sejam leitores, senão o trabalho do professor(a) fica solitário. Na palestra que assisti com Luis Rasquilha, Ceo da Ayr Consulting Worldwide, ele disse que aos seis anos as crianças têm 98% da capacidade criativa e ao sair da Universidade cai para 2%, então esse estímulo deveria perdurar durante toda a vida escolar.Parabéns para o grupo em se preocupar em formar bons leitores com bons livros.
ResponderExcluirNa ultima aula estávamos falando que o prazer das primeiras leituras é que forma o leitor para toda a vida. E como as crianças gostam de entrar neste mundo que só acessamos quando conseguimos desenvolver este mecanismo de conectarmos tanto em uma leitura que até parece que estamos dentro do livro.
ResponderExcluirSem dúvida é muito importante ensinar as crianças a manusearem os livros, afinal ninguém nasce sabendo! Mas mais importante é utilizar de qualquer recurso para despertar o interesse da leitura nas crianças. Cada vez mais surgem novidades para encantar e atrair o universo infantil para as questões literárias e, acredito que devemos desfrutar dessas novidades para proporcionar aos pequenos o prazer no ato de ler e ouvir histórias para que isso se reflita no futuro! Afinal, o mundo precisa de mais leitores!
ResponderExcluirAs vezes me pego nas livrarias apertando os botões dos livros infantis, acariciando as texturas, ouvindo os sons, abrindo e fechando as abinhas! Como são divertidos esses livros-brinquedos, principalmente para crianças pequenas.Ainda, os livros de banho são uma ótima opção para bebês que podem morder, cheirar, apertar e amassar. Também livros fofinhos, com gel, aplicações em glitter, livros lindos! Com certeza vivemos em uma época onde é mais fácil estimular a leitura das nossas crianças (sejam filhos, alunos, sobrinhos) mesmo ainda quando bebês. pena que alguns custam tão caro!!!!
ResponderExcluirQue delícia ver este blog! E ver as crianças desde pequenas 'lendo' livros é algo encantador! Acredito que seja importante estimular a leitura aos pequenos, pois vejo futuros grandes leitores. Na escola na qual trabalho, os projetos literários são bem fortes, a cada bimestre as crianças leem um livro, desde o infantil 1; os reflexões deste estímulo estão ao olhar no pátio na hora do intervalo do fundamental II e ver alunos deitados no chão do pátio, sentados na grama, ou na biblioteca e lendo seus livros.
ResponderExcluir